domingo, 7 de agosto de 2011

Por isso o nome do doente é "paciente"

Paciência é palavra chave para quem enfrenta problema de saúde. Nem devo dizer que tive problemas com o plano de saúde quando das autorizações para internação, justo quando me encontrava nas emergências cheio de dor (o plano insistia em me transferir do hospital que sempre preferi para outro próprio, em Taguatinga, mais distante de minha casa...).



Na terceira vez em que isso ocorreu (o fatídico réveillon do dia 01/01/2011), pedi “alta” à médica da emergência por minha conta e risco (me recusei, no papel da equipe da ambulância que o plano já havia mandado, a ser transferido – coloquei que era uma imposição do plano), tomei uma bomba de morfina e, acompanhado de meu pai, nos dirigimos para outro hospital credenciado para testar se eles iam ou não autorizar a internação. Eles não foram bobos e autorizaram rapidinho... além de muito raivoso, eu já estava com a ação judicial de "danos morais c/c obrigação de fazer" toda na cabeça para dar entrada assim que possível contra a operadora do plano.



Na verdade, poderia entrar com a ação mesmo assim, mas com o decorrer do tempo e diante de outras preocupações relacionadas à saúde, vamos relaxando e deixando de brigar por coisas passadas. Isso não é bom, ainda mais sabendo que ao deixarmos barato, o plano de saúde, no caso, deve repetir tal atitude com outros pacientes...



Ficar internado também é outra dose de paciência. O tempo não passa e vc não tem muito o que fazer a não ser ver televisão e dormir (ou fechar os olhos e esperar o tempo passar). Às vezes o laptop com internet ajuda. Mas na UTI tudo é proibido, até o celular, sem contar o acompanhante. Como disse uma das técnicas de enfermagem da UTI “deve ser muito ruim para o paciente consciente ficar internado na UTI”, e digo que é mesmo (não que tenha querido ficar entubado/inconsciente, preferia é não ser paciente!!!).



Para fechar a série “viva com paciência”, novidade das boas: tive febre na madrugada do dia 24/07, domingo, e com mal-estar fui para a emergência do hospital para fazer transfusão de plaquetas (o hemograma de sexta tinha dado 10.000). No hospital, novo hemograma revelou 7.000 plaquetas (a febre “come” muitas plaquetas). Os neutrófilos estavam bem baixos, 0,600/mm3, e o médico do novo plantão queria me internar.



É outra coisa que exige paciência: nas emergências, diante dos índices apresentados nos hemogramas, todo médico plantonista quer me internar, mesmo depois de explicado que meus “índices basais” de sangue são todos muito baixos (é um justo receio do médico: ser responsabilizado se der alta e alguma coisa grave acontecer - uma infecção em curso, um sangramento no SNC etc). Às vezes se sentem seguros só depois de falar com meu médico assistente (o hematologista que me acompanha no dia-a-dia).



No dia seguinte, segunda-feira 25/07, tive febre bem alta na madrugada (mais de 39,5ºC) e comecei a sentir uma dor estranha nos ossos das pernas. As dores começaram no joelho e foram se irradiando para o fêmur e a tíbia. Em consulta com meu médico, pediu Raio-X das pernas e receitou analgésico para as dores, que eram fortes, eu já estava até mancando. No Raio-X da emergência do hospital, tudo deu normal nos ossos, tendo o ortopedista dito que as dores poderiam ser “da anemia”, e orientando para continuar o analgésico receitado por meu médico. Em um dia, assim como surgiram, as dores misteriosas desapareceram.



Pensei que as dores poderiam ser efeito colateral do corticóide prednisona, que reiniciei dia 15/07 na dose de 40mg/dia por recomendação do meu médico (para testar se as crises de dores abdominais cessam, o que confirmaria ser paniculite...). O PET/CT havia acusado alguma inflamação na “raiz do mesentério” (região abdominal) e junto com a inflamação do duodeno poderia estar associado a ela.



Contudo, na sexta-feira, dia 29/07, comecei novamente a sentir as dores abdominais. Percebi em todos estes episódios que ela sempre começa com uma má-digestão de algo que comi (nesse caso foi o almoço: feijão tropeiro...); no início da noite estou com mal-estar, enjoado, o estômago com a sensação de “empachado” (aprendi essa palavra nessa semana) e começam umas pontadas na barriga. Aí as dores chegam e tenho que ir para a emergência do hospital, pois tento tomar analgésico e remédios para digestão e enjoo em casa, mas eles não fazem efeito: só prestam se for na veia...



No sábado tive vômito de manhã; fiquei de cama com mal-estar e dor abdominal; almocei uma macarronada leve que minha esposa preparou e voltei para a cama... à noite, com as dores mais fortes, liguei para minha irmã, que infelizmente para ela é minha vizinha de quadra (!), para me levar para o hospital.



Passei a noite inteira do dia 30 para 31/07 na emergência do hospital tomando analgésicos para a dor (dessa vez ela se situava na parte superior esquerda do abdome – tomografia computadorizada revelou “inflamação/infecção parietal no jejuno” e “sinais de paniculite”) e precisei fazer transfusão de plaquetas e hemácias. As plaquetas estavam em 5.000 (!!!). As bolsas de hemácias (sempre recebo duas de 300ml), que duram em média quatro horas para correr, demoraram seis horas (a velocidade depende do acesso venoso que a enfermeira espeta: se a veia estiver boa e o local não for a dobra do braço/antebraço, o sangue corre em até 1:30h). A coitada da minha irmã ficou lá, como sempre nas madrugadas, esperando/cochilando/morrendo de sono na cadeira ao lado da cama da sala de medicação, até meu pai chegar para “trocar o turno” logo cedo.



Saí do hospital às 10:00h da manhã meio zonzo depois de escapar da médica que queria me internar, e fui para casa cair na cama pois o batizado de minha filha estava marcado para as 16:30h daquele domingo.



A médica autorizou a alta com a condição de eu retornar se piorasse, aviando uma receita do antibiótico Unasyn e do analgésico Tramal. Rodamos algumas farmácias e os atendentes diziam que o Unasyn estava em falta. Outros afirmavam que o laboratório não mais o produzia há seis meses, orientando retornar à médica para troca do remédio e da receita (haja paciência...). Meu pai teve que voltar ao hospital e a nova receita veio com os velhos conhecidos Flagyl e Ciprofloxacino VO por 10 dias.



Foi sorte, pois liguei para meu médico e ele logo recomendou que tomasse uma dose dupla de Flagyl e Buscopan para aguentar em pé a cerimônia do batizado (deu certo, fiquei lá firme e forte apesar de o pessoal dizer que eu estava “amarelo”).



Com estes dois antibióticos (Flagyl e Cipro), fico bem durante o período de uso e assim estou até então... também decidi tomar a prednisona fracionada, como fiz da primeira vez em que passei quase dois meses sem crises de dor entre jan/março: 20mg de manhã e 20mg de noite (estava toando as 40mg de manhã - vamos ver se com o fim dos antibióticos a prednisona faz o efeito de prevenir as dores).



Conforme solicitado pelo gastroenterologista na semana retrasada, fiz outra tomografia computadorizada denominada enteroTC (enterotomografia, mas que foi igual às comuns que fiz de abdome nas emergências), e a coleta de sangue para os exames que visam detectar se a dores são da tal doença de Chron: um tal de ASCA-P e o outro ANCA-P. O ANCA está no “rol da ANS” e o plano de saúde tem que cobrir, já o ASCA-P tive que desembolsar R$ 200,00 para fazer. Os resultados sairão por volta do dia 20/08.


3 comentários:

  1. Você disse tudo: Não teria outro nome tão certo quanto... PACIENTE
    Você escreve muito bem! Parabéns pela iniciativa.
    Força sempre, mas isso já vi que vc tem muita!..
    Lembre-se sempre.. se Deus lhe mandou uma aplasia medular e HPN é pq ele sabe da sua força e coragem pra superar!.. E com certeza ele tem uma intenção muito boa com tudo isso!.. Confie.. Acredite! bjss Renata Gouvêa

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  2. Concordo com você Marcus, que o nome condiz com nossa realidade: paciente com a mesma raiz de paciência...

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  3. Oi vc tem aplasia medular? E como vc está hoje? Minha amiga está tratando está sendo difícil mas concerteza dará tdo certo

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